sexta-feira, 18 de julho de 2008

Diversidade vs Conformidade


Há poucas semanas atrás tivemos o Fashion Rio seguido do São Paulo Fashion week. Esses dois mega eventos acontecem duas vezes por ano nas duas principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, são diretamente direcionados ao mundo da moda.Nas baladas, em alguns eventos ou simplesmente caminhando por determinados bairros da cidade encontramos inúmeras pessoas “montadas”. Esses indivíduos em geral, têm um estilo próprio de se vestirem, diferente da maioria das pessoas.

O que leva esses indivíduos a usarem certo tipo de vestimenta seria o fato de muitos deles pertencerem a alguma “tribo”. A “tribo urbana” tem então papel decisivo na definição do tipo de indumentária, acessórios etc...

Muitas das pessoas que trabalham no amplo e complexo mundo da moda preferem criar um estilo próprio, não seguindo fielmente os códigos de uma determinada tribo.

A intenção principal delas é a de expressar através da vestimenta uma forma de ser, pensar ou agir, e esse ato não deveria necessariamente atingir ou ferir a integridade alheia.

Porém, com mais freqüência do que costumamos imaginar, essas pessoas são alvo de intolerância e agressão. São mal vistos, ou olhados de mau jeito, alvo de piadinhas, chacotas, ofensas verbais e até agressão física. Tudo isso pelo fato de não se apresentarem conforme a maioria.

Vivemos num país onde uma de nossas características principais é a diversidade: racial, religiosa, étnica etc.... e diferentemente de muitos países desenvolvidos, lidamos com essas diversidades muito bem e devemos nos orgulhar disso. Porem não temos tradição relativa à moda ancorada em nossa cultura.

A falta da tradição relativa à moda , somado ao fato de estarmos sempre tomando emprestado ou copiando aspectos de outras culturas, dificulta a integração sadia desses novos comportamentos à nossa realidade e isso desperta, em algumas pessoas, grande dificuldade em simplesmente aceitar ou ser indiferente ao diferente.

Regina Mogen

Psicóloga, psicanalista formada em Estocolmo e Londres,

Contato : rmogen@globo.com

foto: Eduardo Laurino, Jack Mugler e Ademar/Freakstyle by Paula e Gil

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7 Comentários:

Blogger Unknown disse...

amei a materia sobre os fashionistas!

18 de julho de 2008 às 21:45  
Blogger Unknown disse...

A favor da liberdade expressão e de comportamento!
A favor para todas as formas artísticas de se expressar!
E viva a diversidade!

19 de julho de 2008 às 17:10  
Blogger Private Label Fashion Bureau disse...

Gostaria muito que essa matéria tivesse nas cabeças de todas as pessoas que moram na torre de babel chamada São Paulo.A falta de respeito com a estética não convencional chega perto do insuportável e surge de todas as classes sociais...
Liberdade de expressão vai além de colocar uma gostosa funkeira com nome de fruta na tv, é uma questão social ampla e que muito temos que debater na sociedade para tornar o mundo mais democrático!!!!!!!!
Se joguem pintosas mas cuidado!!!!

20 de julho de 2008 às 16:10  
Blogger M. disse...

Parabens!
O exterior é uma reflexo do nosso interior. A oportunidade de podermos escolher e personalizar o nosso vestuario nos da a liberdade de nos expressarmos, sem palavras.

20 de julho de 2008 às 17:21  
Blogger Unknown disse...

Sabe Regina, gostaria de encontrar um lugar onde não houvesse nem mesmo a palavra "diferente", afinal de contas somos todos feitos da mesma carne (podre, sim, todos somos TODOS podres), mas essa busca se torna insana, enfim, utopia...
A mim basta deitar a noite sabendo que o maior mal que fiz pra outro foi agredí-lo usando alguma gravata da minha coleção e uma carteira dourada. Pelo menos eu me diverti com certeza. Quanto ao outro...sem comentários, ou melhor, parafraseando certo artista de rua: "Odeio o seu ódio"

20 de julho de 2008 às 21:49  
Blogger EDUARDO LAURINO disse...

...o que me faz mais feliz e saber que sou diferente. e que posso exteriorizar as coisas que leio, escuto, vejo...
é sempre bom ter peesoas que querem falar disso. Parabéns Regina Mogen e Bispo.

24 de julho de 2008 às 12:37  
Anonymous Anônimo disse...

Quem conhece Regina Mogen sabe que é do tipo de profissional que possui sempre um respaldo de coerência e conhecimento em tudo que diz, por isso também a contundência e objetividade de suas palavras.

Concordo que a observada reação, digamos, imatura, torna notória a incoerência e a intolerância que ainda persiste em nossa cultura. Porém, também constato uma sutil forma de agressão através de algumas produções. Notoriamente muitas pessoas se produzem para ‘’causar’’ algum tipo de reação intensa: Admiração, surpresa, percepção da ousadia expressa na diferença, e também o choque com a instituída normalidade convencionada.

Muitas vezes é uma grande carapaça defensiva que abriga um ser inseguro, que ‘agride’ para não ser confrontado; outras vezes é uma pequena parte da expressividade de uma alma artística e livre que não se contém em nenhum padrão. Neste segundo grupo caracteriza-se um fenômeno bem conhecido na sociologia: Ícones de rebeldia foram repelidos em seu tempo e admirados momentos depois na história. Seja qual for o caso, sabemos que o preço da rejeição sempre foi pago pelos autênticos.

E aqui estão eles servindo de paradigma para questionarmos nossa sociedade, nossos critérios de normalidade e nossa liberdade de expressão.

Obrigado aos diferentes por exporem a mediocridade social ao custo da sua própria aceitação.


Abraço


André Soares

25 de julho de 2008 às 07:50  

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